Comemorar, no século XXI o Dia Internacional da Mulher é completamente diferente dos propósitos que estavam subjacentes, aquando das lutas operárias e movimentos feministas do final do século XIX e início do século XX.
Em 1908, 15.000 mulheres marcharam pelas ruas de Nova Iorque exigindo melhores condições de trabalho, salários justos e o direito ao voto.
O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 19 de março de 1911, mas só em 1975, as Nações Unidas reconheceram oficialmente o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, e desde então tem sido celebrado em todo o mundo como um dia de reflexão sobre as conquistas das mulheres e de luta contínua pela igualdade de género.
E em Portugal? E no Desporto?
Na Fundação do Desporto a Comissão Executiva é composta por 3 pessoas. E as 3 São mulheres: Susana Feitor, Anabela Reis e Teresa do Passo.
Mas este caso ainda acaba por ser uma exceção.
Anabela Reis exerce as funções de vice-presidente e participou no grupo de trabalho constituído pelo governo, liderado pela Leila Marques, sobre a igualdade de género. Sabe que ainda há muito caminho pela frente, mas, “Temos de acreditar que é possível chegar a cargos de responsabilidade nos clubes desportivos, nas federações e também nas “chamadas” organizações de cúpula como a CDP, o COP, o CPP ou a FdD.
E porque não na SEJD ou no IPDJ?”.
Os números apresentados pelo Eurostat evidenciam o papel das mulheres portuguesas para liderar e inovar em diferentes áreas, mas mostram, também, que ainda há um caminho a percorrer para alcançar a igualdade de género no mercado de trabalho.
A mesma instituição adianta que uma líder feminina pode trazer uma perspetiva única, promovendo a diversidade e a inclusão dentro da organização.
A sua liderança pode influenciar as perceções da sociedade, desafiando os estereótipos de género e promovendo a aceitação das mulheres no mundo desportivo, tão conotado com os homens e a masculinidade, exceto nalgumas modalidades também elas estereotipadas como exclusivas do feminino, como são a ginástica rítmica ou a natação artística. Uma mulher na liderança pode inspirar outras mulheres a buscar cargos de liderança e no desporto essa inspiração ainda é mais relevante. Pode defender políticas, projetos e programas que atendam às necessidades e preocupações mais específicas das atletas femininas.
“Não dispo a “pele” que estou a viver em cada momento para desempenhar outra qualquer função. Sou o que vou construindo e que vou aprendendo, depois com essas ferramentas vou defendendo os valores que me parecem fazer mais sentido e que me parecem ser os mais corretos. Seja como a atleta que fui, ou como a treinadora que tenho sido, seja como amiga, ou como filha, ou a tia babada que sou, seja como líder de uma organização ou de uma entidade, como fui da Comissão de Atletas Olímpicos, de duas missões às Universíadas ou como sou agora da administração da Fundação do Desporto, seja nesses papéis ou noutros quaisquer, em todos faço e dou o melhor de mim”, revela a Presidente do Conselho de administração da Fundação do Desporto, Susana Feitor.
Por outro lado, as estatísticas indicam que em Portugal, cerca de três em cada quatro mulheres “nunca” ou “raramente” fazem exercício físico ou praticam desporto. E pior que isso é o facto de a prática desportiva diminuir imenso nas mulheres com mais de 25 anos.
Na prática desportiva federada, as mulheres correspondem a cerca de 1/3 dos praticantes filiados, sendo que numero ainda é menor no caso do desporto para pessoas portadoras de deficiência, por isso a análise de Anabela Reis deve ser tomada em conta e muito ponderada, para ser o mais rapidamente possível aplicada: “Olhando para estes números, percebemos que o país precisa de ser mais ambicioso, no sentido de ter mais mulheres a praticar desporto e principalmente mais mulheres em cargos de liderança nas organizações desportivas”.
Ainda no que diz respeito à prática desportiva, Susana Feitor sintetiza muito bem o porquê desta desigualdade: “Na minha opinião é muito difícil pedir às famílias que sejam famílias felizes com hábitos de vida saudáveis ativos, com prática desportiva, cultural e artística, quando é tão difícil conciliar a vida pessoal, familiar e profissional. Depois como não há uma igualdade de acesso a todos os recursos, incluindo locais, equipamentos desportivos, fica ainda mais difícil conseguir seja viável essa conciliação”.
É obvio que o papel dos homens desempenhado na Sociedade é fundamental para ajudar a promover a igualdade de género, nas oportunidades em todas as áreas.
Os homens podem apoiar ativamente as mulheres em posições de liderança no desporto, bem como defender políticas e práticas que promovam a igualdade de oportunidades para todos os atletas, independentemente do género.
Podem usar a sua influência para modelar comportamentos e atitudes positivas em relação à igualdade de género. Isso ajudará a reconhecer e celebrar as conquistas das mulheres no desporto e a desafiar normas culturais que reforçam as desigualdades.
Os homens podem envolver-se seriamente em programas de educação e conscientização sobre igualdade, tanto como participantes, mas também como facilitadores. Isso pode envolver compromissos e divulgação sobre prevenção de violência de género, workshops sobre diversidade e inclusão, e discussões sobre como promover a equidade no próprio desporto.
A Fundação do Desporto deseja a todas um excelente Dia Internacional da Mulher!